A VELHA PEDRO VELHO

Praça Claudino Martins - Pedro Velho-RN
 O município de Pedro Velho tem sua origem por volta do início do século XVIII com a colonização do Rio Grande do Norte e o ciclo do gado, que povoou o sertão com fazendas de criação e fixou uma população constituída, na sua maioria, de vaqueiros e lavradores. O Município de Pedro Velho, criado nos primeiros anos da República, nasceu durante o movimento econômico das lavouras de algodão e cana-de-açúcar. Nesse período, destacava-se a família Albuquerque Maranhão – dona de grande parte das terras da região Agreste- litoral  Sul na qual Pedro Velho está inserido.
No início era uma Vila denominada Cuitezeiras que surgiu às margens do Rio Curimataú, numa região povoada por tribos de índios Paiaguaias. Além desses, havia a tradicional família dos Afonsos que fundaram o povoado de Cuitezeiras dando este nome em virtude das árvores de cuités existentes na região. Ergueram uma capela em homenagem a Santa Rita de Cássia, e como tradição de um país católico, a igreja ano centro e as casas se expandindo ao redor. Várias casas foram construídas dando origem a Vila de Cuitezeiras. A capela foi benta em 1862. Os arruamentos tiveram início no entorno da capela em terreno do sítio adquirido por Cláudio José da Piedade no início do século XIX.
O povoado de Cuitezeiras foi fundado em 1861 e teve como chefe da intendência o Sr. José Paulo do Sítio Tamatanduba. O povoado era pouso obrigatório para comboios carregados de algodão, açúcar e farinha que passavam pela região. Em 1882, Cuitezeiras ligou-se à Capital da Província através da Estrada de Ferro que até hoje liga Natal a Recife. Havia o edifício da Intendência, mercado, feira, a capela, o cemitério e uns arruamentos.

 A Vila de Cuitezeiras tinha uma vida econômica com produção e comércio com mercados vizinhos de vários produtos: algodão, açúcar-preto, rapadura, cachaça, milho, feijão, mandioca, inhame, batata-doce, macaxeira, banana, jerimum dentre outros produtos. O povoado tinha, cerca de 30 (trinta) fazendas de criação de gado, três descaroçadores de algodão, quatro engenhos de açúcar e inúmeras casas de farinha, segundo informações do senhor Daniel Galvão de Lima.
 A base da economia de Cuitezeiras era composta por pequenos agricultores.  Eles detinham uma faixa pequena de terra para desenvolver suas atividades agrícolas. “A produção da Vila era estrondosa e se destacavam a agricultura e a pecuária”, afirma o senhor Daniel Galvão. Neste contexto destacaram-se dois povoados que faziam parte da Cuitezeiras: Cuité e Carnaúba.
No início do século surgia uma descaroçadeira de algodão que pertenceu inicialmente ao senhor Aristarco Galvão de Freitas. Era de pequeno porte, mas possuía uma infraestrutura que atendia, as finalidades do beneficiamento do algodão; empregava nas suas instalações físicas cerca de 28 (Vinte e oito) pessoas - predominando a mão-de-obra masculina - enquanto as mulheres tinham o ofício da confecção dos sacos que iriam servir de fardos para o transporte do algodão já descaroçado. O algodão, além de ser produzido no entorno da cidade de Pedro Velho - RN era cultivado e trazido das cidades vizinhas como: Montanhas, Canguaretama, Nova Cruz, Espírito Santo, Goianinha e também de Jacaraú, na Paraíba. Depois de descaroçado, a pluma era exportada para Natal e Recife, onde o escoamento era feito através de caminhões e trens. Nesta época o transporte ferroviário era dinâmico e tinha importância fundamental não apenas para Pedro Velho, mas para os demais municípios da região do litoral sul do Rio Grande do Norte.
Segundo o senhor Daniel Galvão, os produtos que vinham da zona rural eram trazidos em cangalhas (caçoais), no lombo de animais, para serem vendidos na cidade Pedro Velho e transportados para outras localidades.
Neste tempo havia muitos armazéns de compra de farinha que era exportado para o sertão do Estado e praias, que não produziam o produto. Nesses armazéns, além da farinha, também se guardavam cereais como: feijão, milho e arroz.

 A base da agricultura do município atual é a cana-de-açúcar, o coco, o feijão, a mandioca, o milho, frutas como banana, manga, laranja e limão. Na pecuária destaca-se a criação de gado, porcos, galinhas e cabras, antes tinha avestruz. No artesanato tem bolsas, sandálias, rendas, toalhas e outros produtos feitos de fibra de carnaúba e do sisal. A renda dos cidadãos de Pedro Velho hoje provém do serviço público, comércio local: com lojas, bares, farmácias, Lan-Houses, lanchonetes, mercadinhos, salão de beleza e outros serviços; além das aposentadorias algumas pessoas sobreviem de biscates no mercado informal e da feira-livre. Atualmente tem uma pequena cooperativa de calças sociais que emprega cerca de 30 pessoas. Bastante jovens e pais de família trabalham nas usinas de cana-de-açúcar, alguns com contratos temporários durante o corte da cana.
Desmembramento e Religião
O povoado de Cuitezeiras pertencia ao Município de Canguaretama e foi elevada à categoria de Vila de Cuitezeiras, sendo criado o Município pelo Decreto de 24 de maio de 1890. Da noite de 13 para 14 de maio de 1901, tudo isso mudou. A fúria das águas do Rio Curimataú avançou e destruiu a Vila. Assim afirma o historiador Luís da Câmara Cascudo em “Nomes da Terra”:
“O Curimataú avançou suas águas e destruiu a Vila, casas, gado, plantios, depósitos. Só não carregou a coragem. Pelo contrário, deu-lhes fé, levando a comunidade a reconstruir seu espaço real – a Vila Nova de Cuitezeiras e ali, entrelaçada às tarefas econômica e religiosa vão expressar o sentimento de religiosidade dos habitantes da Vila”. (Cascudo, 1968, p.233)
Em 17 de dezembro de 1901, benzeu-se o cruzeiro e a feira era inaugurada. Em 4 de setembro de 1902, foi oficializada a transferência do nome Cuitezeiras para Vila Nova de Cuitezeiras. A sede municipal foi transferida para Vila Nova, que estendeu seu nome ao Município.

 A paróquia, sob invocação de São Francisco, foi criada em 11 de fevereiro de 1922. A sagração a São Francisco, como padroeiro da cidade de Pedro Velho, parece representar uma relação de cidadania e de crença que dá forma às ações das pessoas. A ação conjunta dos cidadãos ao reconstruir a cidade tem um significado social e religioso, mas indica também uma faceta cultural, a superstição. Tradicionalmente celebra-se a festa do padroeiro, São Francisco de Assis, a 4 de outubro.

Em dezembro de 1907, faleceu Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, a mais fascinante  expressão dominadora da política norte rio-grandense.
No dia 26 de novembro de 1908, a Vila Nova, que ainda não possuía uma tradição toponímica, foi transformada em município, com a denominação de PEDRO VELHO, uma homenagem ao organizador da República no Rio Grande do Norte. Depois que Pedro Velho já havia se constituído como município, somente em 1936 seria elevada a categoria de cidade; antes desse feito, a vida na antiga Cuitezeiras ainda prosperava quando em 1917 e 1924 sucederam novas inundações do rio Curimataú.
Da Vila antiga restaram apenas a capela de Santa Rita de Cássia com um velho cemitério por trás, um cruzeiro, com pedestal de alvenaria e a Sumaumeira. No ano de 1936, através do projeto apresentado pelo deputado Sandoval Wanderley, a Vila de Pedro Velho é elevada à categoria de cidade pela Lei nº 13 de 19 de outubro. Ainda baseado nos relatos dos senhores Jaldemar Numes e Daniel Galvão, a política municipal de Pedro Velho sempre foi movida pela emoção e disputas de frentes partidárias bastante acirradas.

Resumo editado por Cledenilson Moreira (Cientista Social) através dos relatos de Portadores de Memória do Lugar: Srs. Jaldemar Nunes (in memorian) e Daniel Galvão. E literatura revisada de Luís da Câmara Cascudo.

Pedro Velho-RN














Capela de Santa Rita de Cássia - Velha Cuitezeiras - Pedro Velho-RN

Capela de Tamatanduba - Pedro Velho-RN

Igreja Tamatanduba - Pedro Velho-RN

Antiga Estação de Pedro Velho-RN


Comentários

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    A Feira Livre de Canguaretama



    Escritor:
    Erivan Ferreira
    Data: 03 de dezembro de 2013
    Horário: 20 horas
    Local: Pavilhão da Festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição Canguaretama/RN
    Informações: (84) 9181-5184/3241-2863



    A obra soma 64 páginas. O prefácio é assinado pelo economista e geógrafo João Balbino da Costa Filho. A ilustração da capa é assinada pelo próprio autor e traz uma representação da feira livre criada pela artista Elisabeth Teixeira.

    Durante o lançamento do livro, haverá uma exposição de belas imagens da feira da cidade retratando o ontem e o hoje, produto das lentes do fotógrafo Iraktan Ramos e do próprio autor Erivan Ferreira.

    A festa de lançamento será abrilhantada pela música popular brasileira tocada e cantada por artistas locais e regada ao som do saxofonista Alex Sérgio.

    O livro traz uma abordagem histórica, social, econômica e cultural da feira livre e conta a história de várias personalidades (alguns in memoriam) que trabalham ou já trabalharam na feira livre da cidade.

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  2. Amei a Historia de nossa cidade! parabéns, assim voce mostra mais sobre a historia de nossa cidade que deixa nos mesmos de boca caida e encherga quanto ela e rica e bela!

    ewerthon.lucas@gmail.com

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