Meu mundo é o imaginário.
Eu já nem sei bem quem eu sou.
Invento uma personagem, um ser lendário;
O seu desejo mais intenso de amor.
Abro a porta do meu quarto virtual.
Na verdade, eu já nem sei se sou real.
Mas não faz mal,
Ser nada não é tão ruim assim.
Arrasto você com o meu mouse para o meu mundo
Então, me amas por exatos vinte segundos
Fico horas na internet
Num http://www.paixão/ qualquer
E me entrego de corpo e alma
A uma mulher, que nem tenho certeza se é.
O meu perfil escrevi com suas palavras
Os meus melhores amigos eu nunca encontrei
As suas frases ditas são copiadas e coladas
E mesmo assim eu jurei que acreditei.
Você me chama de lindo e maravilhoso,
Gostoso, mas não tem certeza da cor dos meus olhos,
Se sou um homem virtuoso, rico e famoso
Ou um Zé Mané qualquer.
Nunca sentiu a minha respiração.
Jamais ouviu as batidas do meu coração.
E fala de sua vida com uma intimidade assustadora.
E faz promessas instantâneas de uma vida duradoura
Centenas de fotos que nunca desbotam.
Um intocável sorriso e um corpo perfeito.
Uma incontestável felicidade num rosto sem rugas.
O tempo não passa e não há dias de dor,
Nem mesmo cheiro de mato
E nenhum perfume na flor.
E se, de repente, eu não querer mais?
E se, por acaso, isso já não me satisfaz?
Excluo você de minha vida ao toque de um botão.
Deleto os sentimentos que escrevi nas paginas do meu coração.
Foi só um “Avatar” que morreu. Nada demais.
Crio, imediatamente, uma nova identidade;
Idealizo uma nova personagem;
Convido quem quero sem ter que explicar quem eu sou.
Foi só um vírus no meu mundo imaginário,
Vou mudar meu cenário, colocar novas fotos,
Reiniciar meu computador.
Nilson Freire, Natal, 19 de março de 2009.
Poeta de nossa terra.
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