É preciso explicar, primeiramente, o sentido do termo “mentes vazias” para não instigar uma nuance de que o ser humano é vazio como uma tábua rasa. Claro que, por vivermos em sociedade em contato com outras pessoas e vários meios de comunicação, nenhum indivíduo é vazio de conhecimento. No entanto, as “mentes vazias” que me refiro é de uma parcela de estudantes (adolescentes) de meu convívio e acredito que faça parte de uma realidade mais abrangente nas escolas brasileiras.
Nessa perspectiva, observei que antes de ensinar algum conteúdo aos alunos, é necessário, primeiramente, ensiná-los a estudar. Gostaria de deixar evidente que esse Post não se aplica a todos, mas a uma grande maioria de estudantes que dá espaço ao pior tipo de preguiça existente: a preguiça de pensar.
Alguns pedagogos diriam: “é a escola que não se apresenta como interessante aos alunos. A escola deve ser mais dinâmica e atraente para estimular o gosto e o prazer de estudar”. Nada contra! Porém, as explicações de gabinete fornecidas pelos pedagogos e psicopedagogos não condizem com a prática. Mas, entendendo essa preocupação e aceitando a ideia do dinamismo em sala de aula, os resultados quanto à aprendizagem ainda deixam a desejar.
Nesse sentido, outro pedagogo diria: “o método não foi adequado a turma, é preciso rever, rever, rever...”. Na verdade, quem é professor e tem o compromisso de fazer o aluno aprender não agüenta mais tanta teoria sendo revista e ninguém consegue resolver o problema da prática. Temos de entender que gerações inteiras de estudantes, hoje profissionais formados que se educaram e aprenderam pela força de vontade de estudar e o desejo de ser alguém na vida. É essa “vitamina” que os estudantes precisam para ter motivação. É o aluno ser estimulado pela dureza da própria realidade. Que a vida não é fácil e é preciso aprender, saber, conhecer para vencer. O problema da aprendizagem desses alunos não está na “festa” ou no “circo” a ser criado em sala de aula para estimulá-los; está no processo de conscientização dos estudantes; quando mostramos para eles que é importante estudar de forma correta para ser bem sucedido na vida.
Contudo, os interesses dos estudantes estão longe dessa realidade por que a escola da TV, da Net, da casa e da rua, que juntas somam 20 horas por dia de contato com o aluno, está desconstruindo às 4 horas médias do trabalho realizado pelas escolas. Mostrar um jogador de futebol bem sucedido que não precisou estudar é mais conveniente a TV para que o aluno se espelhe. A TV, o mundo da diversão e do sexo são mais interessantes para alguns estudantes do que a escola atualmente. Mas digo: a escola não está errada. Com aula dinâmica ou chata, não se pode abrir mão da leitura, escrita, interpretação, compreensão, atividades e outros elementos de estudo feitos pela escola. Tem que ser assim, fazer assim e procurar aprender como gerações inteiras aprenderam. O esforço para dinamizar a aula com os poucos recursos será feito, mas não adianta oferecer um “parque de diversão” se o querer do aluno não estiver presente.
E o que temos atualmente: uma epidemia da preguiça de pensar. Alunos que veem uma palavra correta, ler e escreve de forma inadequada: serto, sere, neturno, menas etc. A psicopedagogia explica essas questões pelas dificuldades de aprendizagens, variados sintomas, afasia, disfasia, hiperatividade e blá blá blá. Mas porque isso somente nas 4 horas de aulas da escola?
Lamento, mas quando o individuo faz um esforço mental para aprender algo, sim, ele aprende mesmo! Fiz um teste com um aluno que disse não aprender “orações coordenadas”; o mesmo aluno aprendeu a pilotar moto sozinho. Disse ele. Então, indaguei! Ah! Então, é possível aprender algo sozinho?! O aluno falou: “é quando eu quero”.
Há casos preocupantes decorrentes dessa preguiça de pensar; alunos que esquecem o próprio nome, o nome da escola, não sabem diferenciar letra de forma e cursiva, dizem que não sabem a continha 3x4 ou 2x2 só pra não pensar; e a resposta comum: não sei! Nada! Não gosto de pensar! Me dá dor de cabeça! É comum não se lembrar da atividade do dia anterior, do trabalho escolar e do conteúdo atual, como também não querem lembrar os nomes ou conceitos e respondem com palavras genéricas: “aquele negócio! Aquela coisa!” Todavia, são muitos inteligentes para respostas piadísticas.
Sabemos que o cérebro é pensante a todo o momento, entretanto, refiro-me a atividade de pensar para responder correto e mostrar que aprendeu de forma enfática, confiante e decisiva.
Porquanto, nota-se que a “preguiça de pensar” desaparece na hora da necessidade quando um estudante sente o peso da responsabilidade nas costas; é cobrado pelos pais e pela sociedade para arranjar emprego. Na mesma hora, agarram-se aos livros, pedem orientações e querem aprender para fazer concurso ou se dá bem no emprego. Muitos aprendem a fazer currículo nesse momento.
O que pretendo dizer é simples; não se pode despejar a responsabilidade de fazer aprender apenas na escola, nos pedagogos, no governo, no professor, nos pais, na TV, na Net. Não é só uma instituição dessas que dará conta; cada qual deve fazer sua parte, mas não adianta ensinar a quem não quer aprender nem fazer esforço para pensar.
Portanto, essa “preguiça de pensar” inerente aos estudantes não consegue ser superada. Os pais só faltam perder a cabeça e partir para a violência, o que também não resolve. Os professores mudam o conteúdo das aulas para a lição de moral e tentativa de conscientização. O que se percebe é grave; não há mágica. Já cheguei a relacionar essa situação ao desenvolvimento do país. Com essa educação e essa postura no ato de aprender, o Brasil não vai pra frente. Como o homem pode desenvolver ou criar algo importante sem pensar, sem saber? Um computador, uma casa, um avião, um celular, um remédio...
Essa “preguiça de pensar” está esvaziando a mente dos estudantes que apenas cumprem tabela no passatempo da escola. Todos serão aprovados até pela exigência do sistema, mas sem o saber. Do que é trabalhado nas aulas, não fica muita coisa na mente dos alunos. E o pior, percebi que a “preguiça de pensar” não está só na escola, ela está se estendendo para a vida social. Já imaginou o mundo com essa epidemia?
Por Cledenilson Moreira.
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Oi cledenilson tudo bem com vc ?olha eu estava lendo o texto mentes vazias e gostei muito .sempre que eu poder vou ler os texto do seu blog porque são excelentes e faz nós leitores refletir um pouco .um abraço brother e parabens pelo blog...
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