De partir o coração: a fome

Como é possível alguém dormir tranquilo diante de uma massa de seres humanos passando fome no mundo. Problema deles?! Não! Problema nosso! A fome perversa virou epidemia mundial. Uma das causas desse problema é a idiotice de jogar para os outros o papel social de cada um. Contribuímos para a fome quando desperdiçamos alimentos em massa na nossa casa, em restaurantes, supermercados e em variados meio de produção. Quando também não doamos um pão a quem precisa ou não lutamos para que os governantes desenvolvam uma política pública voltada para acabar com essa vergonha mundial.

São seres humanos morrendo a cada hora por não ter o que comer. A fome não é somente aquela necessidade de alimentar e que vamos à geladeira, pegamos um leite ou fazemos um sanduíche para comer, ainda reclamando do tipo de comida que temos; a fome é essa necessidade que sentimos, mas quando procuramos a comida não encontramos em lugar algum. Ela é decorrente da pobreza extrema, pessoas que vivem muito abaixo da linha de pobreza e são considerados miseráveis. É inadmissível! Um mundo com tanta riqueza, tanta terra e produção ainda presenciar tamanha desumanidade.

A questão da fome passa pela questão da terra. Pouca gente com grandes latifúndios improdutivos e muita gente sem um pedaço de chão para plantar e obter sua subsistência. A Banda de Forró Matruz com Leite, antigamente fez uma música muito sábia que tinha o trecho, “Deus fez a grande natura com tudo quanto ela tem, mas não passou escritura da terra para ninguém”.

O que mais choca não são as imagens desse Post, e sim, o comodismo e a conivência de nossos semelhantes com tanta perversidade. Certo ano, vi uma reportagem em que um fazendeiro, convivendo com uma crise temporária do leite, resolveu jogar no lixo, litros e mais litros do produto. “É melhor jogar no lixo do que doar para os pobres” essa foi à concepção dele. Algum tempo atrás, a atriz Glória Pires, noutra crise fez a doação do leite de sua fazenda para os pobres necessitados.

Quando eu era mais jovem, tinha um projeto de fundar uma associação de combate a fome chamada “ACOF”. Era simples: as pessoas faziam um cadastro de doação mensal de produtos não perecíveis para as famílias carentes de nosso município, estas eram cadastradas e prestavam serviço social a comunidade. Tarefas simples em escolas, igrejas, associações, horta comunitária e outras instituições públicas. O projeto era bem completo, no entanto, não há como detalhá-lo aqui.

Na África existe um quadro muito assustador agravado pela fome crônica que assola as populações. Conforme pesquisa da ONU, em 2002, às vésperas da Rio + 10 (Conferência sobre o Meio Ambiente), a ONU alertava que cerca de 13 milhões de pessoas no sul da África corriam o risco de morrer de fome. Além da fome, dos altos índices de contaminação pelo vírus da AIDS e outras doenças e das guerras civis, a má administração dos recursos por parte de governos corruptos e ditadores contribui para esse quadro. A África apresenta índices alarmantes de desnutrição infantil.

O que nos faz chorar diante da fome é o descaso da falta de projetos e essa acomodação das pessoas. Sabemos que é possível fazer nossa parte, doar um pouco de nós para ajudar essas pessoas famintas em nossa comunidade; porque se fizermos isso, estaremos contribuindo para amenizar o problema em nível global. Cabe a cada um ser um “beija-flor apagando um grande incêndio”. Se cada um fizer um pouco, estaremos buscando um mundo melhor para os seres humanos.

Por Cledenilson Moreira

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