Todo o mundo precisa saber e entender o que é uma Ditadura. No Brasil, ela se instalou em 1964 e durou até 1985.
As pessoas são seres da natureza, mas diferem dos outros animais por possuir uma natureza social. Imagine se todas as pessoas vivessem num mundo onde cada um faria suas regras e leis. Seria a resistência contra o poder do mais forte. Então, num mundo com diversas ideias e opiniões divergentes, o homem nasce num estado de natureza, instintivo, uns devorando os outros numa guerra interminável.
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O povo protestava contra a pobreza, a censura e a tortura. A polícia era o órgão da repressão. |
Para “amenizar” esse problema, o homem desenvolveu a capacidade de se organizar em sociedade; criar leis, regras e normas que se articulariam com os costumes para garantir a paz, os direitos e deveres a comunidade. Daí que surgem os sistemas sociais, políticos e econômicos regrados por regimes de governo: comunitário, escravocrata, monarquista, republicano, democrático, ditatorial: autoritário ou totalitário. Esses regimes andaram juntos com os sistemas escravista Greco-romano, feudal, capitalista e comunista no sentido laico da palavra no mundo ocidental e parte do oriente. Sabe-se que não se aceita a ideia de democracia capitalista num governo comunista.
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Os Militares no Poder |
A democracia é uma construção tipicamente capitalista e reproduzida pela mídia. “Só é democrático aquele país que é capitalista”, ou seja, tem aberto o seu mercado de consumo. É difícil perceber que a ideia democrática se impõe hoje como uma ditadura. A ditadura do consumo, do livre mercado, do lucro excessivo, da imposição de marcas multinacionais na nossa mesa, nas vestimentas, na moda, nos hábitos e no nosso estilo de vida.
Mas, o propósito deste Post não é discutir a ditadura moderna disfarçada de democracia. E sim, levar ao conhecimento dos leitores o que é uma Ditadura. Em alguns países ainda existe um regime fechado que nega o direito de liberdade às pessoas. No Brasil, vivemos uma ditadura durante 21 anos, uma página negra de nossa história que todos têm a obrigação de conhecer e repudiar.
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Absurdo! A tortura virou Lei. |
Enquanto o Brasil comemorava o TRI, mais de 500 pessoas eram presas, várias torturadas e mortas. |
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D. Paulo Evaristo Arns |
O grande D. Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de São Paulo, revelou a face do regime no Brasil no período em que foi perseguido pela Ditadura Militar. Ele relata fatos na Palestra que virou artigo: “Igreja, Povo e 20 anos de Regime Militar” publicado na coletânea: “Igreja, Classe Trabalhadora e Democracia” de 1984.
Há fatos que dá vontade de chorar. Ele começa: Lembro-me de um momento terrível [...] Foi no dia 24 de janeiro de 1974. Foram presos 69 líderes operários. Minha mãe estava morrendo. Eu estava em Curituba e as pessoas desesperadas pediram para eu voltar a São Paulo. Deixei minha mãe e voltei. Andei 5 dias no 4º andar da Operação Bandeirantes para ver esses operários... Só na sexta-feira é que cheguei a ver alguém, nesses 5 dias eu pude falar com os diversos delegados, torturadores. Peguei um por um no corredor pela gravata e perguntava: onde é você estudou? Todos tinham estudado em colégio católico. Eu perguntei a cada um: Filho, Deus ainda não mostrou para você que você está fazendo uma coisa horrorosa, que você está batendo no rosto de Deus quando você bate nos operários?! Você não está sentindo isso ainda? Cada um tinha uma tragédia na família para revelar. Perguntei: por que você não sai disso? Eles respondiam: “se eu sair, eles me matam”. Então, eles estavam lá dentro, eles, cristãos torturando cristãos. Em nome de quê? Em nome de quem?
Com armamento pesado, o povo era controlado. |
Em outro relato, D. Paulo revela que padre foram mortos, expulsos do país porque ficaram do lado do povo. Foram mandados embora. Não puderam ficar no Brasil. Foram presos o Pe. Júlio e a assistente Iara, justamente porque estavam preparando material para conscientizar o povo, para que o povo soubesse o que estava acontecendo. Que as pessoas desapareciam para sempre. Os panfletos diziam: “ninguém tem o direito de prender os outros, ninguém tem o direito de afastar os outros do convívio, fazê-los desaparecer. Não te é lícito prender, não te é lícito torturar, não te é lícito matar; como estava sendo feito em toda parte”.
Nesse período, eu soube que armaram uma emboscada para mim, mas eu soube por terceiros; então eu fui ao general e ele me disse que eu seria processado porque eu tinha um documento que acusava o Regime de tortura, de morte e de assassínio. Eu disse: “gostaria de ser processado, mas com uma condição: que seja em público; que todo mundo fique sabendo aquilo que eu vou responder. Por que para cada afirmação nós temos uma porção de provas”.
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O povo foi às ruas pedindo liberdade e direitos. |
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O povo consciente do que estava reivindicando. |
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Estado de Sítio Decretado |
Essa tortura de 1969 a 1976 foi realmente a coisa mais degradante e terrível que eu posso imaginar na minha vida. Em 1973, foi uma das épocas mais duras. 7 a 9 mil estudantes querendo partir para a USP para o quebra-quebra de toda a cidade. O que nós fazemos? E por quê? Por que tinha sido morto, assassinado, o estudante Alexandre Vanuchi. Fizemos uma missa em frente à Catedral superlotada e o 1º protesto público. Mas tivemos uma surpresa horrorosa: nos cassaram a Rádio 4 de julho exatamente no fim de uma Semana sobre Direitos Humanos. A censura lacrou a Rádio em 9 de julho de 1973. Era uma das maiores rádios do Brasil.
A cada 2 meses se fazia o arrastão na cidade. Quer dizer, prendiam-se mais ou menos 60 a 80 pessoas para interrogatório. Mandavam sentar na cadeira do dragão. Era a cadeira da tortura, dos choques elétricos nas partes mais sensíveis do corpo humano.
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Os artistas foram as ruas contra a Ditadura. Muitos foram censurados, presos e exilados. |
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Frei Tito - morto pela Ditadura |
Um dia, eu ia ver Frei Betto e passando pela cadeia Tiradentes; uma uruguaia veio falar comigo: “D. Paulo, o senhor precisa ir na torre”. Digo: “Torre? O que é isso?” “Lá dentro estão presas muitas moças e elas reclamam de nunca ter recebido uma visita”. Eu fui lá. A polícia feminina fingiu que não me viu, me deixou entrar. Nisso entrou o diretor da prisão e me disse: “como é que o senhor entrou aqui?” Respondi: “O senhor viu a Bíblia, o senhor sabe como é que é... quando Deus quer mandar alguém para lá, Deus manda. Ele me pegou pelo cabelo e me botou aqui dentro como fez com Habacuc, o profeta”. O diretor disse: “O senhor não pode entrar. Preciso dar 5 telefonemas” eu disse: “O senhor vai telefonar, eu vou indo”.
Passei duas horas e meia com aquelas meninas e mulheres na presença do diretor e ouvindo tudo. Elas foram torturadas com fogo, com eletricidade, com vexames, e naquele dia eles tinham posto dentro da comida delas ratos, baratas, e tudo para elas não poderem comer, não poderem se alimentar.
Quando cheguei lá fora, peguei o diretor e perguntei: “O que é verdade de tudo isso?” Ele respondeu: “Ah, o senhor não vai acreditar, elas estão exagerando”. Eu disse: “Nós estamos diante de Deus, só nós dois. O que é verdade de tudo isso?” Respondeu: “Talvez 50%”. Eu disse: “Se fosse 1%, você devia desaparecer da terra”. O que eu vi, o que ouvi, o que senti e a vergonha que tive de estar em São Paulo naquela hora e não poder ajudar! Deixei tudo registrado num lugar seguro, e um dia, quem sabe, alguém pode publicar. Penso não ter a coragem suficiente para destruir toda aquela cadeia!
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Os movimentos estudantis eram reprimidos à força. |
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Lula, Chico Buarque, Caetano e outros artistas foram presos. |
O que destruiu mesmo foi a morte de Flávio Herzog em outubro de 1975, quando os jornalistas, mais de 1000, assinaram um manifesto dizendo ao povo: “Daqui pra frente, nós não iremos mais calar; nem quanto às prisões arbitrárias, nem quanto às torturas, nem quanto ao desaparecimento do pessoal”.
Naquele momento, a igreja também foi posta à prova. O ato litúrgico, que os judeus não tinham coragem de fazer na sinagoga, devia começar às 3h dentro da catedral. Eles aceitavam, desde que eu presidisse o ato e um rabino e um pastor protestante falassem. Assim se fez. D. Hélder veio. Colocou-se ao lado, silencioso, e participou. Antes de eu ir para a catedral, Geisel (Ernesto Geisel, presidente do Brasil na época), que estava em São Paulo, mandou dois secretários, dos quais um já é falecido, para me dizer: “O senhor não pode ir, porque ele é judeu”. Rebati: “Ué, Cristo também era judeu, e eu não posso ir? Mas o senhor não pode ir, porque o povo de São Paulo vai recusar o senhor” disse eu: “Então o povo ia recusar o Cristo. Eu vou”. O senhor não vai, porque tem 500 soldados na praça e a qualquer grito disparam tiros. Eu falei: “Então é assim que vocês tratam o povo: o povo solta um grito e vocês soltam tiros em cima! É assim que vocês tratam o povo? Mas vou lhes dizer uma coisa: em cada janela vai ter uma máquina fotográfica e também um aparelho cinematográfico para documentar quem foi que atirou, quem foi o culpado. Eu vou.
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Tortura do Pau de Arara. Nesta posição, os torturadores enfiavam um cassetete pelo ânus. |
Nesse período, Lula, Dalmo Dallari, José Carlos Dias e outros operários foram jogados na cadeia. Naquele momento também chegou a cidade o Papa João Paulo II. Naquela noite foi seqüestrado Dalmo Dallari. Eu fui a casa dele vê-lo. Estava todo inchado, todo com marcas bem claras dos socos que deram tanto nos rins como nos olhos, no rosto, etc. Tentamos levar Dalmo para o Papa ver, mas o cerco do exército, da polícia foi tão forte que nós não conseguimos de jeito nenhum.
As campanhas de difamação contra os bispos foram intensas. Chegaram a divulgar uma fotografia muito bonita de D. Paulo na capa, e por baixo estava escrito: O Anti-Cristo. Foi por meio das campanhas de difamação que criaram vários estereótipos sobre o termo comunista, o nome de Lula e de outros militantes do PT e de partidos contrários ao Regime.
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Tortura nunca mais! |
Ainda por meio das propagandas, as pessoas foram levadas a acreditar que o regime militar foi bom para o Brasil e para o povo brasileiro. Que havia moralidade e respeito; crescimento econômico e igualdade. As ditaduras têm a propaganda enganosa como arma de convencimento, por isso é preciso ler e se informar. Ditadura nenhuma presta, mesmo quando engana o povo com alguns paliativos sociais como fez vários governos: Getulio Vargas, Hitler, Stalin e os militares no Brasil.
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Presos políticos trocados pelo embaixador sequestrado. Foi preciso fazer guerrilha contra a Ditadura. |
D. Paulo atualmente está com a saúde comprometida, mas sua vivência, sua história deve ser divulgada e conhecida por todos, bem como os seus ensinamentos. Ele disse que o povo tem que estar informado. Precisamos ver que todos nós continuamos nessa disposição de lutar juntos. E não nos cansar. E não largar da luta só porque a gente conseguiu alguma coisa. Não deixar os outros sozinhos. Devemos ter união e prospecção. E quem vive e morre unido, vive e morre pelos outros.
Portanto, não se pode permitir que em lugar algum impere uma Ditadura. Um poder que sobrepõe e coloca sob jugo todos os poderes de uma nação. Não se pode permitir que o papel dos três poderes de confunda com um só. Isso é uma aniquilação da liberdade e da democracia. Não podemos permitir, nunca, a volta da Ditadura.
Por Cledenilson Moreira
Parabéns pelo post, muito coerente a sua explanação sobre o assunto. Só gostaria de acrescentar que a polícia - prinicipalmente, a militar - foi e ainda é treinada sob os auspícios da Ditadura, quando é preparada, não para proteger os cidadãos, mas, para guarnecer os que detêm o poder. Por isso, temos uma polícia obsoleta, opressiva e deprimente. Desprovida de qualquer legitimidade de poder constitucional, infelizmente. Outro fato, é quanto ao "confundir os 3 poderes em um só", coisa que o ex-presidente Lula tentou durante todo o seu governo, até mesmo tentando calar a imprensa, o que demonstra seu caráter populista ditatorial. Tolere-se o comunismo, o socialismo e o capitalismo, mas extirpem de uma vez por todas as tentativas ditatorias e facistas, que, sob o véu da democracia tão arduamente conquistada, tenta se impor.
ResponderExcluirUma visão abrangente do assunto :D
ResponderExcluirEu ainda sou chocar e surpreender este grande milagre que aconteceu na minha família, meu marido e eu tenho sido de diferentes doenças i foi testado HIV positivo no ano passado, outubro e meu marido era HIV negativo Fiquei tão surpreso porque ele estava mesmo doente naquele momento e que nos levam para o hospital, mas o médico confirmou que ele tinha problema renal. desde então temos vindo a gastar dinheiro em todo recebendo medicamentos do hospital diferente, eu estava procurando através da internet para ajudar quando eu vi um comentário de pessoas falando sobre como o Dr. Paul Emen ajudou a curar sua doença HIV e outras doenças, eu didn 't acreditar, mas eu só escolher dar tentar as ervas e entrei em contato com ele através deste e-mail (okonofuatem99@gmail.com) e foi-me dito o que fazer, embora o meu foi mais estressante do que a de meu marido diferentes ervas foi enviado para o tanto de nós. Para minha maior surpresa depois de mim e meu marido ir pacientemente através do tratamento como a instrução dada a nós por este homem chamado Emen e fomos para um exame médico e o resultado foi negativo e confirmou mais uma vez que o meu marido estamos perfeitamente bem, até mesmo a nossa médico estava confuso, ele disse que nunca tinha visto este tipo de milagre antes. Dr Paul Emen nós verdadeira aprecio um bom trabalho em nossa vida de e Deus irá abençoá-lo para o bom trabalho que está fazendo. você também entrar em contato com este grande e poderoso homem, se você tiver qualquer problema através de seu e-mail: okonofua_solution_tem99@hotmail.com. você pode muito bem chamar-lhe +2348153930869.
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