Minha vida mudou quando comecei a ler um livro


Minha vida mudou quando comecei a ler um livro.
Imagine terminar o Ensino Médio e pensar assim: “vou descansar, curtir a vida depois de anos de estudos”. É muito bom para quem não tem perspectiva de crescer na vida e viver sempre na dependência. É o carma de quase todo jovem que conclui essa fase dos estudos. Na verdade, aconteceu comigo. Depois de três anos na ociosidade do conhecimento e a ferrugem comendo o que “aprendi”, em anos de cadeiras desconfortáveis na sala de aula, a cobrança social e familiar começou a apertar. Vi a necessidade de fazer alguma coisa para dar, de certa forma, uma satisfação à comunidade e a família.
Reuni alguns amigos que se encontravam na mesma situação e arriscamos alugar uma casa na capital e partirmos em busca de emprego. Emprego não é fácil! A vida é dura e difícil. A mudança implicava despesas e a espera por um emprego afunilava o bolso. Tive que voltar. Arrisquei dois vestibulares, no primeiro passei à segunda fase e não consegui a vaga; no segundo, não passei da primeira etapa. Tentei fazer um concurso. Foi aí que percebi o quanto estava ultrapassado e distante da qualificação necessária que se exigia diante dos concorrentes. Mas, eu não havia concluído o Ensino Médio?
É real. O tempo, a ociosidade da leitura corrói o saber acumulado. Percebi que estava “enferrujado”. Passei no concurso que foi anulado e voltei a passar novamente. Porém, eu sabia que outros concursos com maiores exigências viriam e pude medir o quanto estava limitado.
Nesse período de lição, decidi voltar a ler e peguei um livro, tipo enciclopédia didática que continha todas as disciplinas do Ensino Médio. Estava determinado a passar no Vestibular, pois, sabia que as portas iriam se abrir para mim, e que o desejo de voltar a capital para estudar e trabalhar seria realizado por caminhos mais fáceis. Teria outras dificuldades, mas não a de me estabelecer por um bom tempo.
O vestibular estava previsto para dezembro. Fiz um plano de estudo que começou em abril e deu certo. Fui aprovado com folga e ganhei moradia e outros benefícios na universidade, o suficiente para concluir o curso e me “estabilizar”. Contudo, o melhor benefício não foram às condições para fazer o curso, e sim, o que aprendi nesses meses de leitura. Pude rever coisas que havia apreendido parcialmente e outros conhecimentos que não vi no Ensino Médio. Foi um ano rico em conhecimento que me serviu para ser aprovado em quase todos os concursos que fiz: Polícia Militar, IBGE, bombeiro, Professor em duas cidades, professor do Estado, entre outros.
Hoje, tenho curso superior concluído, acumulando bacharelado-licenciatura, e Especialização. Não parei por aqui, continuo buscando a satisfação pessoal e estruturação necessária a uma vida digna e tranqüila.
Portanto, quero deixar claro nesse relato que não vale a pena se acomodar com o Ensino Médio, principalmente quando se é jovem. Digo-lhes mais, caro leitor, não tenha o Ensino Médio como fim, e sim, o começo. O início de uma preparação para a luta na difícil sociedade de mercado onde vivemos. A sociedade é muito injusta e cobradora. Ela esconde as oportunidades para os despreparados e abre as portas para os melhores. E os melhores são aqueles que têm um livro como amigo e travesseiro. O conhecimento vale mais que o dinheiro imediato. Quando você leitor, concluir o Ensino Médio, pegue seu diploma, coloque-o num quadro, exponha-o na sala e, de forma inteligente, pegue de volta os livros e diga: “começo a me preparar para a vida agora. Vou continuar lendo, estudando e aprendendo. Esta será a minha primeira faculdade. Tenho isso como meta. Vou alcançar, só depende de mim. Vou vencer, ser o melhor e conquistar meus sonhos”.

Por Cledenilson Moreira. Cientista Social – UFRN.

Comentários

  1. E belo ver quando alguém consegue mudar seu futuro, sua vida, sua história...lendo um pouco da sua narrativa pensei: E quando tudo isso acabar (para todos) e tivermos que prestar contas ante o tribunal de CRISTO do nos valerá o nosso conhecimento humano ?

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