Atividades sociais na feira de Pedro Velho-RN - Monografia - UFRN

A feira de Pedro Velho – RN – Cledenilson Moreira – Sociologia - UFRN.

            A princípio, a feira não deixa de ser uma festa, mas ela é antes de tudo uma praça de comércio onde ocorrem variadas formas de relações sociais. Assim, pode-se dizer que ela se constitui numa rede de relações sócio-econômicas e culturais.
           A de Pedro Velho, antigamente, conforme o senhor Jaldemar Nunes falou, “a feira era pequena, mas que havia um movimento significativo no comércio. As vendas e as trocas eram intensificadas quando chegavam os comboios de viajantes comerciantes. E que era quase inevitável uma “briguinha” em dias de feira”.
          
              Por volta de 1930 e 1945, a feira que se situava no mesmo local e na qual permanece até hoje, era muito barulhenta. O senhor Daniel Galvão relembra o movimento dela naquele período: “Ela cresceu, ficou grande e depois foi decaindo. Era um barulho muito grande.

            Constatou-se nas entrevistas realizadas que nem tudo na feira é comprado em outras cidades, parte dos produtos, principalmente do setor de frutas, legumes, verduras e cereais são provindos da agricultura familiar local. Assim como, há produtos artesanais e comidas típicas da região. Isso marca a relação existente entre a produção do campo e a circulação desses produtos na direção do centro urbano e à Feira. Então, essa oposição cidade-campo, poderia ser compreendida como uma interdependência sócioeconômica que sobreviveu ao tempo.
              A Feira Livre tem o seu vínculo voltado para a cidade de Pedro Velho, embora mantenha relações com as feiras de centros vizinhos, é o caso das cidades de Montanhas-RN, Nova Cruz-RN, e Canguaretama-RN. Além disso, há contatos econômicos com as feiras distantes, como as de Santa Cruz do Capibaribe e a de Caruaru – ambas em Pernambuco.
A feira se configura como uma atividade comercial que exerce um papel sócio-econômico importante nas regiões Agreste e Litoral Sul do Estado do Rio Grande do Norte. Essa importância dá-se no momento em que se cristalizam as relações capitalistas responsáveis pela sobrevivência de muitos trabalhadores e suas respectivas famílias. Além da atividade comercial (as trocas) a Feira é um "palco" de relações sócio-culturais que se manifestam nos hábitos condicionados pela própria finalidade econômica. Esses costumes estão intrínsecos às trocas e são percebidos na rotina que os feirantes têm a bastante tempo. Cerca de 83% os clientes entrevistados freqüentam a Feira a mais de vinte anos (20). Eles não têm freguesia fixa nem ponto de encontro, mas têm preferência por setores da Feira, tais como: o setor de verduras, frutas, legumes e cereais com (40,9%) de indicações e outros setores como carnes e peixes e confecções que se destacaram.



             Ir à Feira tornou-se tradição e ao mesmo tempo obrigação; movidos pelo frescor dos gêneros da agricultura e pelo encantamento do menor preço; as pessoas vão à feira para comprar, vender, conversar, ver os amigos e consumir. A Feira não "fala", mas "chama" toda a cidade para a "festa". É uma movimentação que se desenvolve num espaço simbólico e abstrato, mas com vida real. Ela acontece sempre, independente da vontade dos indivíduos que nela atuam ou pretendem visitá-la. Ela exerce influência marcante na vida dessas pessoas, uma vez que fazem parte de um cenário de migrações do campo para cidades; um êxodo rural que leva muitos trabalhadores a abandonarem sua terra em busca de uma vida melhor nas grandes cidades, deparando-se com a realidade de um mundo urbano repleto de contrastes, e que leva o trabalhador a desacreditar num possível desenvolvimento pessoal nas pequenas cidades.



              O objetivo principal dos feirantes que comercializam na Feira é faturar, ou seja, adquirir o sustento próprio e/ou de sua família, seja este, como única renda ou complementar; salienta-se que a esmagadora maioria afirmou que a renda na Feira é insuficiente.



Resumo da Monografia de Cledenilson Moreira 
Ciências Sociais - Sociologia -  UFRN.








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